sábado, 6 de fevereiro de 2010

(Continuando)
Crescemos lado a lado, e costumávamos brincar juntos até os dez anos de idade. Porém, quando minha avó adoeceu e meus pais resolveram mudar temporariamente para a Califórnia, sete anos atrás, tudo mudou. Alugamos nossa casa e ficamos lá por seis anos, até que minha avó morreu. Quando voltei, Tyler se tornara outra pessoa. Havia crescido bastante e se tornado muito mais bonito do que aquele meu amigo que eu costumava sujar de lama. Agora jogava futebol e não parecia ter tempo para mais nada. O tempo passou e eu o via raramente, com exceção das vezes que olhava pela janela e o via em seu quarto, lendo ou ouvindo música. Eu o cumprimentava sempre que ele passava apressado por mim nos corredores da escola e algumas vezes conversávamos sobre banalidades, como o tempo ou algum professor, sempre muito rapidamente, quando esperávamos pelo ônibus da escola de manhã cedo.
Enquanto eu me lembrava de nossa infância e encarava a janela distraidamente, Tyler surgiu de repente e acenou para mim, com aquele sorriso radiante que conquistou metade das garotas da escola, e até arrancava suspiros de algumas professoras. Não pude evitar que meu coração desse uma cambalhota exagerada dentro do meu peito. Sorri de volta, da maneira mais despreocupada que consegui, constrangida. Levantei, peguei minha mochila surrada e desci para não perder o ônibus. De novo. Alguns de meus colegas tinham o prazer perverso de me ver correr atrás do ônibus. Não que correr fosse um problema, eu era um pouco desajeitada, mas eu adorava correr, não entraria na equipe da escola tão cedo, mas era tipo um hobbie. Porém, não é nada divertido correr atrás de um ônibus ás sete horas da manhã, com alguns de seus colegas rindo as suas custas, o que além de tudo, significa uma caminhada de três quilômetros até a escola. Sim, hilário. Como se o Ensino Médio já não fosse tortura suficiente.
Eu sou um dos trezentos estudantes do segundo ano da Russel High School, onde tenho que estar pontualmente ás oito horas da manha, todos os dias. Porém, nas últimas semanas, eu corria mais que o normal para não me atrasar, uma vez que se tornara raro eu conseguir pegar o ônibus. Estava quase vendo as grades da escola quando ouvi o sino tocar. Droga. Amaldiçoei mentalmente meus colegas mais uma vez antes de segurar com força minha mochila e disparar em direção aos portões da escola. Cheguei atrasada na minha aula de História Americana e a Sra. Davis, que já havia iniciado a aula, fingiu não me notar e continuou a falar sobre a Revolução Americana e a guerra contra a Inglaterra. Lancei um olhar de indiferença para Zach Carter e os seus seguidores, que insistiam em me torturar todas as manhãs, que deram risadinhas baixas ao me verem entrar na sala constrangida por meu atraso.

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