sábado, 24 de abril de 2010

No caminho da aula de Biologia, a única que Zach não tinha comigo, por já estar avançado (a única em que ele estava avançado, inclusive.), Amy esbarrou em mim de propósito, derrubando todos os meus livros no chão. Nem me incomodei em brigar ou discutir, e ela continuou andando sem sequer olhar pra mim. Então, apenas me abaixei – ainda com dor na perna atingida mais cedo – e comecei a juntar meus livros. De repente, um par de mãos brancas e grandes apareceu, pegando grande parte dos meus livros. Olhei para cima e vi Tyler, com uma expressão meio zangada e meio como se estivesse se desculpando.
- Desculpa pela Amy, Kate. Aqui estão seus livros. – Disse ele entregando meus livros para mim.
- Você não precisa se desculpar, Ty. Não foi você quem derrubou meus livros, foi?
- Não. E desculpa por hoje cedo também, eu vi você mancando. Machuquei você, não foi? – Ele havia me machucado com o jeito que me tratou mais cedo, mas não no sentido em que ele falava. Então eu disse logo:
- Eu só estava muito distraída e no lugar errado. Não foi sua culpa. Estou bem.
- Escuta Kate, tem uma coisa que eu queria te falar...
- Pode falar, Tyler. Estou ouvindo. – Eu fiquei curiosa, claro. Não eram todos os dias que garotos bonitos queriam me contar algo. Muito menos o garoto bonito que eu amava. Mas ele não correspondia. claro. E logo que me lembrei disso, toda minha empolgação sumiu.
- É o seguinte, tem algum tempo que eu... – Mas antes que ele pudesse terminar, o inspetor dos corredores gritou:
- Hei, o que vocês estão fazendo fora de suas salas? Srta. Robinson, por um acaso você tem passe? Ou você, Sr. Smith?
- Sr. Kelly, eu tropecei e derrubei meus livros, acho que machuquei a perna. – Fiz uma careta de dor - E Tyler estava apenas me ajudando a chegar à sala do Sr. Johnson.
- Se apressem então, ou vão chegar tarde. Vamos, andem, andem.
E antes que eu pudesse perguntar a Tyler o que ele queria dizer, ele apenas disse “Depois” e saiu apressado.
Nem me preocupei muito com o que ele queria dizer. Talvez eu nem quisesse saber. Quer dizer, e se ele percebeu como eu olho pra ele e resolveu me dar um fora? Ai meu Deus, e se for isso? Nem prestei atenção na aula. Estava desesperada pensando no que o Tyler teria pra dizer pra mim e como eu iria impedir que ele o fizesse.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

- E aí Kate, bom dia. Te trouxe café, olha. – Disse ele, pegando um copo grande de café da Starbucks que estava no porta-copos do carro. O meu preferido, com canela.
- Nossa, obrigada. Eu não te trouxe nada. Nem sabia que você viria. – eu estava mesmo agradecida. Ganhei café, carona e uma companhia.
- Meu pai me deixou ir para escola com meu carro hoje, eu disse que queria buscar uma amiga. E buscar de ônibus não era lá muito legal. Ele entendeu totalmente. – E ele abriu um sorriso. Tudo bem que o sorriso de Tyler iluminava a cidade toda, mas o de Zach não ficava assim tão atrás. Ele estava de óculos escuros, um Ray Ban, e os cabelos castanhos meios arruivados, no sol pareciam ainda mais ruivos. Meu coração batia pelo Tyler, é verdade. Mas ele estava comprometido e super apaixonado. Então, eu podia achar outra pessoa bonita, e não tinha problema se meu coração batia um pouco por essa pessoa também. Já se passaram umas duas semanas desde a mudança súbita de personalidade do Zach, mas ele já fazia meu coração acelerar um pouco quando sorria, ou quando me chamava pelo sobrenome (nada de romântico nisso, mas qual é. Ele sempre chamava com afeto).
- Bom, obrigada. Eu precisava mesmo de uma carona e é sempre um prazer te ver. E esse café – eu tomei um gole – é simplesmente meu preferido. – Abri um sorriso.
- Eu sei que é. Você me falou, lembra, Robinson?
- Ah é. – Não pude evitar que meu coração acelerasse um pouquinho.
Quando chegamos à escola, todos olharam pra nós. O carro de Zach era mesmo bem impressionante. Mas o fato de eu, nerd perdedora do coral da escola, ter descido desse carro com o possivelmente segundo cara mais popular da escola... Bom, isso foi bem mais merecedor de olhares que o carro. Zach parecia nem notar e muitos menos se preocupar com os olhares, por que continuou falando durante todo o caminho sobre comprar um cachorro igual ao Sherlock, por que os Beagles eram uma raça carinhosa e tudo mais. E já faziam duas semanas que ele passou a andar comigo. Ainda assim as pessoas olhavam. E eu que sou a perdedora. Vai entender.
Estava distraída conversando com Zach e virei o corredor a caminho da nossa primeira aula sem nem olhar para frente, quando Tyler me acertou, com menos força que a primeira vez, mas ainda assim forte suficiente para me jogar no chão.
Dessa vez, Zach me segurou antes que eu caísse no chão. E Tyler, um pouco mal-humorado em minha opinião, disse:
- Desculpa Kate. Não te vi. – Ele ainda parecia chateado.
- Não tudo bem, o Zach me segurou. Não me machuquei. – E tentei abrir um sorriso, apesar de sentir um pouco de hostilidade emanando de Tyler.
- Ah, que sorte que Zach estava aqui, então. Vejo você por aí. – Disse ele, meio sarcástico, e sumindo logo depois no mar de estudantes da Russell High School.
- É, isso foi estranho. O que será que deu nele? – Zach disse. Confirmando meus temores. Não fui só eu que percebi, ele estava mesmo chateado. Mas eu não fiz nada, então não poderia ser comigo. Poderia?
- Não sei. Ele deve estar chateado com alguma coisa. – respondi sem jeito.
- Venha, vamos nos atrasar. – Zach disse, segurando minha cintura e apoiando meu peso do seu corpo. Eu havia machucado um pouco a perna. Mas Zach me segurou com firmeza e me levou até a classe sem demonstrar nenhum incômodo ou cansaço.