sexta-feira, 12 de março de 2010

O resto da semana de fato passou, rápido e divertida. Mas eu ainda via Tyler todas as noites pela janela, meio triste, quebrando minha promessa seguidamente de não espiar mais. Quase todos os dias ele sentava na poltrona dele para ler algo ou ficava simplesmente com o olhar perdido. E eu comecei a me preocupar com ele. Tanto que um dia, perto das oito da noite, eu resolvi tomar uma atitude. Eu estava com meu caderno de desenho e escrevi:

“Hei, você parece triste, tá tudo bem?”

E quando ele levantou os olhos e me notou encarando, ele abriu um sorriso e acenou. E eu levantei o meu caderno para que ele pudesse ler. Ele abriu um sorriso mais sincero dessa vez e procurou folhas para responder, quando achou escreveu algo e levantou para que eu visse:
“Nada, só outra briga boba com a Amy.”
Essa era nova, eles ainda estavam brigando? Mas já se passou mais de uma semana. Será que era sério? Eu agora me preocupei de verdade, quer dizer, Tyler estava com essa garota (por mais maldosa que ela fosse) por quase um ano agora. E se ele ficou tanto tempo com ela, provavelmente alguma coisa boa ela tinha. E ele parecia gostar dela... Até amar, eu acho. Senti um aperto no coração ao pensar nisso, mas eu não podia ser egoísta agora. Eu não podia torcer que eles terminassem, ele não iria ficar comigo nem nada. Era idiota pensar nisso. Daí eu escrevi, de coração, pra ele:

“Sinto muito”

Ele levantou os ombros demonstrando que não era minha culpa e provavelmente que não havia nada que eu pudesse fazer. Eu abaixei a cabeça e escrevi “Eu te amo” em outro papel, um ato estúpido até pra mim. Por um momento cheguei até a pensar em levantar e mostrar pra ele, mas acho que demorei demais, por que ele acenou novamente, levantou-se e saiu do quarto.
Eu fiquei chateada. O que aquele papel idiota significava? Eu amava mesmo o Tyler? Acho que sim. Eu sempre achei que fosse só uma quedinha, uma bobagem. Mesmo quando eu tinha só dez anos, eu sempre imaginei que a gente ia casar e ser feliz pra sempre. Um sonho de criança. Mas aqui estava eu, com 17 anos, no final do segundo ano, apaixonada perdidamente pelo cara mais popular da escola. Eu deitei e dormi, desejando que aquele amor sumisse durante a noite. Eu não podia me permitir amar o Tyler. Ele claramente amava outra pessoa. Eu não podia amá-lo de jeito nenhum. Mas meu coração não entendeu isso. E eu olhei aquele papel amassado em cima da mesa mais uma vez.
Ah, ele não entendeu mesmo. Coração idiota.

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